dezembro 22, 2022

Lula recebe relatório da transição: “Recebemos o governo em situação de penúria”

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Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Foto: Antonio Augusto / TSE

O governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva concluiu nesta quinta-feira (22) o trabalho realizado por 32 grupos técnicos e os dois conselhos que compuseram essa etapa de diagnóstico que foi herdado do governo Bolsonaro.

Lula iniciou sua fala agradecendo, inicialmente, aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, na noite de quarta-feira (21).

“É a primeira vez que um presidente começa a governar antes da posse. Tivemos a responsabilidade de fazer uma PEC. Todos sabiam que a PEC não era nossa. Era para cobrir a irresponsabilidade do governo que vai sair e não colocou dinheiro necessário para a política que ele próprio prometeu”, disse.

O presidente eleito afirmou que recebeu um governo quebrado das mãos do presidente Jair Bolsonaro, o qual voltou a comparar ao fascismo.

“Não pretendo fazer pirotecnia com esse material, um show, um escândalo. Quero que a sociedade brasileira saiba como tomamos posse, o Brasil que encontramos em dezembro de 2022. Recebemos o governo em situação de penúria. As coisas mais simples não foram feitas porque o presidente preferia contar mentiras no cercadinho do que governar esse pais.”

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, disse que a síntese do trabalho mostra que houve um “retrocesso em muitas áreas e que o governo atual andou para trás”. O vice citou uma série de dados de diversas áreas.

“Recebemos o governo em situação de penúria”, diz Lula ao receber relatório sobre transição.

"Todos sabiam que a PEC não era nossa. Era para cobrir a irresponsabilidade do governo que vai sair e não colocou dinheiro necessário para a política que ele próprio prometeu”, disse. pic.twitter.com/SPiUErBWWA— 98 FM Natal (@98FMNatal) December 22, 2022
Cortes e retrocessos

Segundo a transição, houve enorme retrocesso na educação. Na área de saúde, disse o vice, o Brasil sempre foi um exemplo para mundo, mas que falhou muito na área de vacinas e imunização, por exemplo. Alckmin citou o exemplo da poliomielite, em que 50% das crianças não tomaram a dose de reforço.

Na área da Cultura, houve redução de 90% dos orçamentos destinados ao setor. Na Agricultura, houve diminuição de 95% dos estoque de produtos básicos, como o arroz, segundo dados da Conab. Em logística, encontrou 93% das rodovias federais sem contrato de manutenção e prevenção. Os recursos para a Defesa Civil para prevenção e desastres foram reduzidos para R$ 2 milhões.

Alckmin disse que o governo de transição fez diversos pedidos de informação por Lei de Acesso à Informação, mas que 26% dos pedidos de informação foram negados.

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT), agradeceu o trabalho dos grupos técnicos e elogiou o relatório produzido pelos integrantes do gabinete de transição. Segundo a parlamentar, o documento apresenta um raio-x do País e indica as principais medidas a serem adotadas pelo futuro governo.

“Eu acho que os ministros que vão assumir terão um diagnóstico muito preciso do que está acontecendo no Estado brasileiro e vão ter orientações de como reconstruir a máquina do Estado para servir ao povo brasileiro”, disse Gleisi.

O trabalho centralizado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) envolveu, diretamente, 940 pessoas, sendo a maioria voluntários, para elaborar os levantamentos e apontar orientações para os primeiros 100 dias de trabalho de cada ministério. Somadas as atuações de pessoas de outros locais, foram mais de 5 mil colaboradores, no total. “Foi a equipe mais participativa e econômica”, disse Alckmin.